sexta-feira, 26 de novembro de 2010

千と千博の神隠し

Para o meu trabalho de Personalidade IV deveríamos fazer uma análise Kleiniana de alguma obra de arte! Sendo eu amiga da Ceh (@CeresLuz) e da May (@baguy_chan) não poderia de deixar de escolher a 7ª arte!! ^^ E como sou o que sou, escolhi um filme do estúdio Ghibli! ^^ Para facilitar um pouco a minha vida, o filme escolhido foi o ganhador do Oscar de 2003 de melhor animação! A viagem de Chihiro (千と千博の神隠し) eu adorei fazer esse trabalho! Só me deixa triste o fato de eu te confundido as datas de entrega e não pude dedicar um tempo extra que tinha planejado nele! Mas, acredito que tenha ficado uma análise satisfatória! Pretendo fazer esse tipo de análise de outros filmes, principalmente os que mais me agradam! ^^ Espero que não esteja demasiadamente "técnico" – o que eu duvido um pouco pois meu tempo foi corrido!! XD Se tiverem alguma questão não deixem de me perguntar, seja por coment, seja por e-mail mesmo!! Have fun.... ^^-


Dados do filme:


Título original: Sen to Chihiro no Kamikakushi (千と千博の神隠し)

Gênero: Animação

Diretor: Hayao Miyazaki

Ano: 2001

País: Japão


Uma breve sinopse do filme:

Chihiro é uma garota de 10 anos que esta de mudança com os pais para uma nova cidade. Ela não esconde seu aborrecimento com a mudança e se apega ao buquê de flores que ganhou de sua amiga, como presente de despedida. Chegando na cidade, o pai da garota se perde tentando chegar á nova casa. Neste caminho alternativo, deparam com um túnel e decidem olhar o que há dou outro lado, apesar dos protestos de Chihiro. Do outro lado do túnel, encontram um campo aberto com algumas casas abandonadas, ao andarem mais um pouco encontram uma gama de restaurantes, mas todos vazios. Chihiro não esta nada satisfeita com a idéia de se servirem sem o consentimento dos donos do lugar, mas seus pais não lhe dão ouvidos e passam a comer desenfreadamente. Mais uma vez aborrecida com os pais, Chihiro se afasta para olhar o lugar, se deparando com um estranho menino que ordena que ela saia daquele lugar o quanto antes. A garota corre para seus pais e descobrem que se tornaram porcos, neste instante, criaturas bizarras começam a aparecer por toda parte e, em pânico, ela começa a corre para fugir daquele lugar. Assim, dá-se início a jornada da menina Chihiro para sobreviver em um mundo mágico, salvar seus pais e recuperar uma memória há muito tempo esquecida.

Um olhar Kleiniano:

Logo no início do filme percebemos as referências ao folclore nipônico por todos os cenários, mesmo antes da protagonista entrar na casa de banho para os deuses.

O filme começa nos apresentado a protagonista e sua família. A relação de Chihiro com os pais nos aponta uma relação edipiana plenamente (ou pelo menos muito bem) concluída. A posição da garota como a 3ª da relação dos pais é explicitada tanto em seu descontentamento com a decisão de mudança, quanto no momento da entrada do túnel. Os pais discutem entre si se a entrada no túnel será efetuada ou não, sem dar importância a vontade de Chihiro de ir embora daquele lugar. Em outro momento, a menina protesta contra o fato dos pais se servirem deliberadamente da comida exposta, mas seus esforços se mostram inúteis frente ao deleite conjugal deles junto à comida. A primeira vista podem parecer pais frios, que não dão a devida importância para a menina, mas observo o contrário. Eles se mostram presentes em outros detalhes menos explorados. Pode-se dizer que eles retiram a responsabilidade de Chihiro de entrar no túnel e comer a comida, tanto que ela não é atingida pelo feitiço. Não se trata de uma imposição dos pais, mas de deixarem claro que ela é "o terceiro", aquele que recebe os cuidados. Outro fato que nos aponta um Édipo bem concluído é o comportamento de Chihiro perante as autoridades daquele mundo mágico. Durante todo o filme a menina não apresenta dificuldades em lidar com as demais pessoas e criaturas, se mostrando uma pessoa com um bom desenvolvimento das noções de limites, respeito, comunidade, hierarquia, solidariedade e valores. Por outro lado, devemos levar em conta a influência da cultura japonesa, mais rígida e centrada na coletividade.

Mesmo sem ter responsabilidade pela invasão a terra dos deuses é a menina Chihiro quem tem que passar por todas as provações para recuperar os pais perdidos. O sentimento de culpa pela transformação dos pais em porcos se mostra um dos motivadores para a recuperação deles. Como se todas as dificuldades e provações por qual passa tratem-se de formas de reparação dos objetos que foram destruídos pelo seu ódio (nesse caso, transformados em porcos). A transformação dos pais em porcos foi encarada pela protagonista como resultado de seus ataques destrutivos, resultantes de sua pulsão de morte. Em seu sonho, Chihiro se desespera ao não conseguir reconhecer os pais para lhes entregar o bolinho de ervas, que poderia fazê-los voltar ao normal. Uma fantasia de que ela os destruiu internamente de uma tal maneira que é impossível para ela reconhecê-los. Quando reencontra os pais pele primeira vez depois do incidente, eles estão em um chiqueiro, dormindo e já não se lembram mais que foram humanos. Chihiro conversa brevemente com eles e sai para o jardim, onde se permite chorar como um bebê enquanto se alimenta dos bolinhos de arroz feitos por Haku. Nessa regressão momentânea, vemos o desespero pela perda de seu pais, seus cuidados, que mesmo sendo a terceira da relação ela ainda quer aquela relação. Inicia-se assim uma busca de seus pais reais, na contra partida com a figura de Yubaba, uma bruxa dominadora representando a fantasia da Mulher Fálica, seus pais fundidos.

O Comer – introjeção & projeção

Encontramos uma interessante relação com a comida durante todo o filme. Primeiramente, para poder não desaparecer do mundo Chihiro deve comer a fruta oferecida por Haku, precisa introjetar parte daquele mundo para poder existir nele. Mais para frente, vemos que o Sem Face, engole o Kaeru (sapo) para poder se comunicar com as pessoas. Este talvez seja o personagem que mais me permita observar os conceitos da introjeção. Ao engolir o Sapo ele também introjeta toda a sua ganância, que já havia se manifestado primeiramente com o caso das fichas, mas, como em uma contra-projeção, Chihiro as recusa e o Sem Face se dissolve o ar (como se a Chihiro estivesse dizendo "essa ganância não pertence a mim, pertence a você"). Em um segundo momento de contra-projeção, o Sem Face está mais "contaminado" pela ganância e inveja dos funcionários da casa que, mesmo com a reflexão de Chihiro, ele pretendia absorve-la. Com a ajuda do Bolinho de Ervas do Deus do rio, Sem Face inicia seu processo de regurgitação, de projeção dos sentimentos ruins que havia absorvido. A cena é nojenta, tão repugnante e suja quanto a percepção de nossa podridão pode ser. Chihiro é sensível ao ponto de perceber essa alta capacidade introjetiva do Sem Face (podemos ver até pelo nome do personagem sua função introjetiva) e o leva para junto de Zeniba, uma bruxa também, mas com uma alta capacidade de reparatória/terapêutica.

A volta para casa

O caminho de volta para o mundo humano começa a aparecer quando se passa a compreender um pouco melhor o mundo fantástico. O primeiro momento de recuperação objetal da-se com o cartão de despedida que Chihiro recebei da amiga. Com ele, foi possível que ela recuperasse seu verdadeiro nome, e não se esquecesse de quem ela é, tornado-se a Sem, uma parte de seu Eu, uma parcialidade. O segundo momento, é na percepção da dualidade de Haku, como menino e dragão. Chihiro é capaz de compreender a posição do rapaz e recuperar o Haku perdido quando ele a trata com frieza, logo que é contratada por Yubaba (chega a perguntar a amiga Rin se não haviam dois Hakus, uma demonstração do desejo de quebra daquela figura). No início do filme ela mal tinha coragem de descer as escadas que levam a caldeira, mas depois de se fortalecer internamente com a reparação da figura de Haku, ela é capaz de façanha muito mais delicadas. O terceiro e ultimo momento que a permite enfrentar a reparação dos pais esta na recuperação da memória de quando foi salva por Haku, ainda muito pequena. Esse insight a permite aceitar toda aquela fantasia como real, uma realidade interna que faz parte dela e mesmo no mundo humano, ainda será. Percebe-se a possibilidade de recuperação dos pais, da mesma forma que recuperou a sua memória com Haku. Assim, temos a renuncia do mundo fantástico para voltar à realidade, junto dos pais. O abandono do ser amado em função de ele pertencer a um outro mundo, a uma fantasia, demonstrando sua predominância do desejo pela realidade. Uma verdadeira saga do fortalecimento do Ego.

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